terça-feira, 19 de julho de 2011

Areias de sangue

Nas fornalhas de um templo esquecido,
Arranco a pele gasta,
Verto do cálice de sangue gélido...

Esquecido no tempo...
Em terras áridas e mortas,
Permaneço impaciente e silencioso...

Estes trapos que agora visto,
Já foram da mais fina beleza,
Na qual mergulhei por milênios...
Adociquei meus lábios nesse néctar precioso,
Ate que me afoguei em um mundo que ruía...

Precioso é o tempo e delicado seu caminhar,
O ouro é irrelevante frente à vida imponente...
Nas sombras que se estendem,
Meu passado sorri, com caninos de mármore reluzente...

Me afasto da luz, pois ela me queima...
Curioso é o fato dessa matéria nada queimar,
Pois o que queima são as lembranças que dela vêem...

Minh’alma se encasulou nesse corpo,
Na esperança de se transformar em algo alem de cinzas...
Porem nos gritos abafados esse sonho torna-se amargo,
As expectativas se esvaem desse cadáver,
Enquanto a alma definha na solidão de si mesma...

Aperto com força um relógio de corda,
Pois seu tic-tac me leva a beira da insanidade...
E mesmo assim estou sempre à margem,
Sem morrer ou viver, o que será pior?

Rastejo em minha mente,
Deixo rastros de mim por toda a parte...
Deixado a mercê pelo destino,
Sem a chave que liberta-me desse templo...
Escrevo as ultimas linhas,
Antes de envolver-me numa mortalha...
Ou perecer na insanidade...

~Will Sasaki

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