Verto em um cálice,
As bases que animam meu corpo,
Empalideço vagarosamente, e meus olhos vão perdendo o brilho...
Meu pulso aberto é um portal para um outro lar,
Sombrio até agora, porém desejado desde sempre...
Incrivelmente estou feliz...
E meu peito em paz...
Posso sentir todas as dores diminuírem,
Ate vestígios de felicidade,
De um mundo que se distancia a cada gota que se esvai...
Sinto na leveza que se apossa de mim,
As ruínas de um mundo antigo,
Numa miríade de lembranças,
Que percorrem minha mente enevoada...
Se desfaz um eu de asas queimadas,
Com as mãos em fios escarlates,
E os joelhos trêmulos tocando o chão...
As areias do tempo envolvem o espaço sem fim...
E minha centelha almeja,
Uma pequena fagulha da piedade,
D’aquele que navega por toda parte...
Entrego-me vagarosamente,
A um sono que me embala aos poucos e profundamente,
Tão carinhoso, que sinto flutuar-me...
Um ultimo olhar, como um adeus suspiro devagar,
Apreciando, guardando aquele pequeno momento,
De lembranças que se resolvem, no fim do túnel branco...
De repente todos os planos perderam importância...
E todas as cores sumiram...
Não sinto a queda,
Pois já flutuou muito longe dali...
Não ouço gritos,
Pois o silencio abarca tudo...
Não sinto dor,
Pois toda dor se dissipou...
~Will Sasaki