quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cálice rubro


Verto em um cálice,
As bases que animam meu corpo,
Empalideço vagarosamente, e meus olhos vão perdendo o brilho...
Meu pulso aberto é um portal para um outro lar,
Sombrio até agora, porém desejado desde sempre...

Incrivelmente estou feliz...
E meu peito em paz...
Posso sentir todas as dores diminuírem,
Ate vestígios de felicidade,
De um mundo que se distancia a cada gota que se esvai...

Sinto na leveza que se apossa de mim,
As ruínas de um mundo antigo,
Numa miríade de lembranças,
Que percorrem minha mente enevoada...

Se desfaz um eu de asas queimadas,
Com as mãos em fios escarlates,
E os joelhos trêmulos tocando o chão...

As areias do tempo envolvem o espaço sem fim...
E minha centelha almeja,
Uma pequena fagulha da piedade,
D’aquele que navega por toda parte...

Entrego-me vagarosamente,
A um sono que me embala aos poucos e profundamente,
Tão carinhoso, que sinto flutuar-me...
Um ultimo olhar, como um adeus suspiro devagar,
Apreciando, guardando aquele pequeno momento,
De lembranças que se resolvem, no fim do túnel branco...

De repente todos os planos perderam importância...
E todas as cores sumiram...

Não sinto a queda,
Pois já flutuou muito longe dali...
Não ouço gritos,
Pois o silencio abarca tudo...
Não sinto dor,
Pois toda dor se dissipou...


~Will Sasaki

terça-feira, 19 de julho de 2011

Areias de sangue

Nas fornalhas de um templo esquecido,
Arranco a pele gasta,
Verto do cálice de sangue gélido...

Esquecido no tempo...
Em terras áridas e mortas,
Permaneço impaciente e silencioso...

Estes trapos que agora visto,
Já foram da mais fina beleza,
Na qual mergulhei por milênios...
Adociquei meus lábios nesse néctar precioso,
Ate que me afoguei em um mundo que ruía...

Precioso é o tempo e delicado seu caminhar,
O ouro é irrelevante frente à vida imponente...
Nas sombras que se estendem,
Meu passado sorri, com caninos de mármore reluzente...

Me afasto da luz, pois ela me queima...
Curioso é o fato dessa matéria nada queimar,
Pois o que queima são as lembranças que dela vêem...

Minh’alma se encasulou nesse corpo,
Na esperança de se transformar em algo alem de cinzas...
Porem nos gritos abafados esse sonho torna-se amargo,
As expectativas se esvaem desse cadáver,
Enquanto a alma definha na solidão de si mesma...

Aperto com força um relógio de corda,
Pois seu tic-tac me leva a beira da insanidade...
E mesmo assim estou sempre à margem,
Sem morrer ou viver, o que será pior?

Rastejo em minha mente,
Deixo rastros de mim por toda a parte...
Deixado a mercê pelo destino,
Sem a chave que liberta-me desse templo...
Escrevo as ultimas linhas,
Antes de envolver-me numa mortalha...
Ou perecer na insanidade...

~Will Sasaki

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pássaro que voa.


Ha um belo pássaro em minhas mãos querendo voar...
Se o deixá-lo partir, nunca mais ele retornara,
Aquele que uma vez conheceu a liberdade jamais perde o gosto,
E jamais encontra um novo motivo para amar...

Aquelas palavras ecoaram por todo o universo da minha mente,
Toda a extensão da vida,
Toda a vastidão de um sorriso,
Para se perderem, no suspiro derradeiro...

Lembro-me de voar em meus sonhos,
E de como tudo era fácil...
Saudoso tempo de correr na chuva,
De brincar ate perder a hora,
E Ser chamado embora...

O pássaro que agora voa,
Se vai com meu amor,
Pois meu amor,
É amar,
A alegria de sua liberdade...

É assim que meu coração voa...
E quem me disse, que não seria feliz se enganou...
As lagrimas que agora vertem,
É porque meu coração foi aos céus, pelo meu amor...

-Will Sasaki

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sonhos

Eu me perco toda a noite,
E me confundo durante o dia...
Eu choro e não sei quem sou,
Eu grito e escuto teu nome...
Mas não sei quem és...

Eu sinto uma dor que não poder ser minha,
Eu sofro, corro e me lanço contra minha mente...
Quero rasgar essas lembranças,
Quero preencher o oceano com essa dor,
Eu só não quero sofrer mais...

Eu só não quero que tudo continue assim,
Porque é como se nunca fosse passar,
Eu quero que tudo acabe quando fechar meus olhos,
Eu não quero acordar...

Dormindo tudo é tão bom e calmo,
Em meus sonhos me encontro,
Não há dor naquele mundo...

Você vive cristalizada num mundo onírico...
E todo o momento esta gravado eternamente,
Em alguns gestos, poucos movimentos...

Alguns olhares e sorrisos podem alimentar uma vida,
E trazer paz e sentido ao caos de um mundo sem sentido,
Onde “por quês...” morrem em espaços vazios e doloridos...

~Will sasaki

Esvaindo

E derrepente beber já não me da asas
E as lagrimas estão a rolar
Sinto-me quebrado
Eu só quero ir embora...

A fumaça em minha mente
Vejo cores, mas não a formas
Eu só quero ir embora...